sábado, 13 de outubro de 2012

Alma Perdida-Mario Quintana

Depois que é o corpo arremessado sobre o cais do sono
Quem poderá dizer o que é feito da sua alma milenária?
Acaso
Ajunta-se às demais no primitivo abandono do mundo

Acossadas em grutas
Em profundas florestas
Onde se desenrolam imensamente as serpentes
E arde em silenciosa brasa o olhar fixo das feras?
Ou prostra-se ante os Deuses bárbaros
Com seus látegos raios
Os seus pés de pedra imóveis e pesados como montanhas?

Ah! leva então muitos e muitos séculos até que a madrugada

Feita do cricrilar dos derradeiros grilos
Das cabeleiras úmidas e pendidas dos salsos
Até que a mão da madrugada
Afague
Suavemente as feições do adormecido à deriva..
Sim! À noite,as almas deste mundo vagam em alcateias como lobos,
O medo as traz unidas e ferozes
E só uma ou outra - a minha?-às vezes solitária,fica..
-Olha:
Aquele negro,aquele enorme cão uivando para a Lua!

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